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Em meio a uma das maiores crises financeiras de sua história, os Correios encerraram 2024 com um prejuízo de R$ 2,6 bilhões. Para tentar equilibrar o caixa, a estatal contratou dois empréstimos em dezembro, totalizando R$ 550 milhões: R$ 250 milhões junto ao Banco ABC e R$ 300 milhões com o Banco Daycoval. Os contratos preveem pagamento em seis parcelas mensais a partir de julho de 2025, com taxas de CDI + 1,8% ao ano no ABC e CDI + 3,296% ao ano no Daycoval.

Além dos empréstimos, os Correios resgataram R$ 2,7 bilhões de suas aplicações financeiras para quitar obrigações correntes. Mesmo com essas medidas, o patrimônio líquido da estatal, que já era negativo em R$ 360 milhões em 2023, despencou para um déficit de R$ 4,4 bilhões no ano passado.

A situação evidencia a gravidade da crise enfrentada pela empresa, que busca alternativas para reequilibrar as finanças e modernizar suas operações.

Aumento de custos e queda de receitas agravam situação

Entre os fatores que contribuíram para o prejuízo dos Correios em 2024 estão o aumento dos custos operacionais e a redução das receitas. Os custos operacionais aumentaram R$ 716 milhões em relação ao ano anterior, passando de R$ 15,2 bilhões para R$ 15,9 bilhões. A maior parte deste aumento está nos gastos com pessoal, que subiram de R$ 9,6 bilhões em 2023 para R$ 10,3 bilhões em 2024, devido ao Acordo Coletivo de Trabalho e ao reajuste do vale alimentação/refeição.

Por outro lado, a receita com a prestação de serviços caiu R$ 335 milhões, totalizando R$ 18,9 bilhões em 2024, a menor desde 2020. Esse cenário de aumento de despesas e queda de receitas agravou ainda mais a situação financeira da estatal.

Além disso, o resultado financeiro da empresa, que registra as receitas com aplicações financeiras e as despesas com empréstimos, apresentou um resultado negativo de R$ 379 milhões em 2024, contra um resultado positivo de R$ 44 milhões em 2023.

Investimentos em modernização e sustentabilidade como saída

Apesar da crise, os Correios mantêm planos de investimentos em modernização e sustentabilidade. Em 2024, a empresa adquiriu 50 furgões elétricos, 3.996 bicicletas cargo com baú e 2.306 bicicletas elétricas, além de 1.502 veículos para renovar a frota existente.

A estatal também conseguiu uma autorização inédita da Comissão de Financiamento Externo (Cofiex) para captar R$ 3,8 bilhões no exterior. Segundo os Correios, o valor será direcionado para a construção de centros de operações mais modernos, investimentos em tecnologia, melhorias na infraestrutura e a substituição da frota por veículos mais sustentáveis.

A empresa afirma que a transição ecológica da frota — uma das maiores do país, com 23 mil veículos — será um dos pilares do novo plano de modernização. Essas iniciativas visam não apenas a recuperação financeira, mas também a adaptação às novas demandas do mercado e à sustentabilidade ambiental.